Eu te vejo! Você me vê?

Em 21 de março de 2009, um evento crucial aconteceu. Uma oficina de direitos humanos e antirracismo tornou-se o palco para o nascimento de algo extraordinário. Um grupo diverso de jovens, todos vinculados a diferentes organizações e movimentos sociais, reuniram-se com um propósito comum mas ainda não totalmente revelado.
 
Durante uma atividade formativa, uma pergunta ressoou entre eles: “Eu te vejo! Você me vê?”. Esta interrogação não era simples; ela carregava o peso da invisibilidade, da dor e do silêncio imposto por anos de racismo, opressão e discriminação.
 
Naquele momento, em meio a reflexões profundas, percebeu-se uma verdade incontestável: as lutas, sofrimentos e vozes daqueles jovens haviam sido ignoradas por tempo demais. Foi nesse ambiente de conscientização e desejo de mudança que nasceu o Coletivo de Assessoria Cirandas. Sua missão era clara: ecoar os gritos contra o racismo e a discriminação, defender os direitos humanos e lutar contra o extermínio da juventude negra e marginalizada.
 
Era um compromisso com a sobrevivência e o florescimento de suas comunidades.
Ao longo dos anos, o ímpeto e a audácia da juventude, juntamente com as lições dos predecessores, impulsionaram o coletivo a expandir suas fronteiras.
 
A Assessoria Cirandas assumiu novas causas, defendeu outras bandeiras e desenvolveu estratégias inovadoras para enfrentar desafios antigos. O coletivo se transformou em uma força motriz para a mudança, operando com uma paixão inabalável e um compromisso firme com os princípios de justiça e equidade.
 
Quinze anos depois de sua fundação, o coletivo olha para trás com orgulho, reconhecendo a jornada percorrida e os obstáculos superados. A Assessoria Cirandas manteve-se fiel a seus valores, nunca negociando seu compromisso ou abaixando a cabeça, exceto em respeito aos mais velhos e experientes. O trabalho foi nutrido pela confiança depositada por cada comunidade que acompanharam, um testemunho do impacto profundo e duradouro de suas ações.
 
Embora inicialmente escolhessem atuar nas sombras, evitando os holofotes nas causas que defendiam, o tempo e a experiência ensinaram uma lição valiosa: é possível falar da comunidade, mas nunca pela comunidade. Essa distinção ressaltou a importância de ouvir e amplificar as vozes daqueles diretamente afetados pelas questões que o coletivo busca enfrentar.
 
À medida que se aproxima o marco de 15 anos, a Assessoria Cirandas está em um momento de reflexão e planejamento para o futuro. Decidiu-se evoluir de um coletivo para uma organização com um impacto social ainda maior.
 
Com cuidado e dedicação, expandiram seu trabalho e hoje contam com núcleos estaduais em quatro estados do Nordeste. A defesa dos povos e comunidades tradicionais se tornou um de seus maiores orgulhos.
 
A história da Assessoria Cirandas é uma prova do poder da juventude, da solidariedade e do ativismo consciente. Ela mostra como a união de vozes e esforços pode criar ondas de mudança. Este é apenas o começo de uma jornada contínua em busca de justiça, igualdade e dignidade para todos.