O Projeto UJAMAA – Fundo Rotativo Solidário tem como foco as comunidades tradicionais e grupos ligados a cultura negra que, de certa forma, são acompanhados pelo Programa de Inclusão Produtiva da Casa de Taipa e que têm como demanda um processo de incubação diferenciado, no qual os princípios da economia solidária estejam pautados no apoio financeiro aos grupos produtivos que se comprometam a devolver, por parcelas, o valor monetário acessado neste Fundo. Serão contemplados dez grupos produtivos que adotem princípios de participação e convivência solidária.
Entendendo esta especificidade, o desenho deste Projeto se configura como iniciativa piloto, centrada em um processo metodológico auto gestionário, referenciado no cosmo visão africana, potencializando o protagonismo dos afrodescendentes, de modo a acentuar a participação direta de iniciativas econômicas de negros e negras, adotando os princípios da economia solidária.
O Projeto trabalhará na implementação de fundo rotativo solidário com a rotina de ciclo de aval comunitário onde os empreendimentos, organizados por núcleos específicos, podem acessar crédito com um valor inicial e um valor máximo definido gradativamente a partir das necessidades apresentadas, sendo que estes valores serão analisados por um Comitê Gestor, responsável pela administração do Fundo Rotativo Solidário.
Metodologicamente, tem suas práticas centradas na compreensão que para a apropriação de autogestão e rotativa da dinâmica de aval solidário de um fundo, o mesmo tem que se dá pelas vias do fomento de práticas pedagógica de experimentação e vivência das finanças solidárias, em especial de fundo rotativo.
Será operacionalizado através da prática de rede de colaboração solidária, no qual tem como premissa o fomento à cooperação dos empreendimentos entre si, e se pauta em quatro eixos de intervenção:
Desenvolvimento de linha de crédito, no qual os empreendimentos sejam responsáveis pela gestão. Eixo que responde pelo fortalecimento da rede de aval solidário, proporcionando maior autonomia dos núcleos existentes, permitindo aos mesmos potencializar a circulação de dinheiro entre os empreendimentos e fortalecendo com isso a economia local. A autogestão se concretiza via um Comitê Gestor formado por um representante da proponente, um representante da equipe técnica do projeto e três representantes dos empreendimentos. Este Comitê se reunirá, quinzenalmente, e terá entre suas atribuições a elaboração de Regimento Interno, estabelecimento de taxas de juros e construção de estratégias para superação da inadimplência, do empobrecimento e das desigualdades raciais.
No desenho organizacional o Fundo Rotativo oferece duas linhas de crédito – para produção e para o consumo – sendo que a linha ligada a produção será norteada por critérios construídos pelo Comitê Gestor e a do consumo pelos núcleos de aval solidário. O diferencial é que os recursos para o consumo serão provenientes de rendimentos da poupança aberta pelos empreendimentos, quando do acesso ao crédito no Fundo Solidário, como reserva financeira.
Realizamos acompanhamento e formação dos empreendimentos, empreendedores, comunidades de terreiros e quilombolas ofertando conhecimentos. Este é o eixo responsável pelo acompanhamento técnico das ações pedagógicas realizadas junto ao público-sujeito, tanto às ligadas ao acesso do crédito quanto às destinadas a capacitação do capital social.
A operacionalização se dará via oficinas de contabilidade básica, sensibilização em economia solidária, gestão compartilhada, comercialização, plano de negócios e viabilidade econômica, dotando-os habilidades e competências que facilitem a gestão e o alcance dos resultados esperados, já que a utilização de novas tecnologias será um aspecto integrante ao processo, Por outro lado, a articulação político-institucional inseridas em redes, possibilitam o acesso aos mercados de bens, produtos e serviços, enquanto construções sociais.
Este eixo irá construir e executar campanhas educativas que motivem o público ao consumo dos produtos ligados a economia solidária. Também contribui com o escoamento dos produtos e serviços ofertados ligados aos núcleos de aval solidário através da confecção de catálogo impresso e on-line dos produtos e serviços, da divulgação em folder e rádios comunitárias e outras mídias que facilitem a visibilidade dos produtos e serviços ofertados.
Promoção de ações de incidência política quer no governo municipal ou estadual, com o intuito de sensibilizar o carreamento justo de recursos para ações direcionadas a iniciativas econômicas da população negra. Por outro lado, a articulação político-institucional inseridas em redes, possibilitam o acesso aos mercados de bens, produtos e serviços, enquanto construções sociais.
Objetivos
Ter implementadas atividades/programas de Economia Solidária que contemplem e preservem a cultura das comunidades negras e tradicionais da RMS;
Ter dez grupos produtivos geridos por coletivos de negros(as) a partir dos princípios da economia solidária, como estratégia de superação da pobreza e promoção da equidade racial;
Garantir Fundo Rotativo Solidário, como linha alternativa de microcrédito, para acesso e resposta as necessidades de grupos produtivos atendidos pelo projeto;
Desenvolver programa de assistência técnica para capacitação, consolidação de habilidades e reconhecimento de potencialidades para o mercado de trabalho;
Promover espaços de diálogos e convergência entre organizações do movimento negro e da economia solidária de Salvador, difundindo estratégias utilizada pela economia solidária como um meio de luta para promoção da equidade racial.